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Filósofos Clássicos: Sócrates, Platão e Aristóteles
Sócrates
Filósofo grego, Sócrates nasceu em Atenas no ano de 470 a.C. . De origem modesta, era filho de Sofronisco, escultor, e de Fenarete, parteira, com quem dizia ter aprendido a arte de obstetra de pensamentos.
Era casado com Xantipa, cujo nome se tornou provérbio.
Abandonando a arte de seu pai dedicou-se inteiramente a missão de despertar e educar as consciências, tendo como influência a filosofia de Anaxágoras. Sempre entre jovens, sempre em discussões, especialmente com os sofistas, nada escreveu. Por isso, o seu pensamento tem que ser reconstituído sobre testemunhos, nem sempre concordes, de Xenofonte, de Platão e de Aristóteles.
Em 399 a.C., a sua atividade e a sua vida foram finalizadas pela condenação à morte, sob a acusação de corromper os jovens contra a religião e as leis da pátria. Ao se dirigir aos atenienses que o julgavam, Sócrates disse que lhes era grato e que os amava, mas que obedeceria antes ao deus do que a eles, pois enquanto tivesse um sopro de vida, poderiam estar seguros de que não deixaria de filosofar, tendo como sua única preocupação andar pelas ruas, a fim de persuadir seus concidadãos, moços e velhos, a não se preocupar nem com o corpo nem com a fortuna, tão apaixonadamente quanto a alma, a fim de torná-la tão boa quanto possível.
Denunciado, então, como subversivo, foi condenado à morte ignominiosa, tendo de beber a cicuta na prisão de Atenas em fevereiro de 399 a.C.
Segundo Sócrates, a ciência fala da modificação da alma, purificando o espírito em sua unidade e totalidade, o qual não é mais capaz de erro e de pecado.
Esta é a equação Socrática, que quer dizer que o bem é igual ao útil. Ou seja, as pessoas fazem o bem por interesse próprio, porque é o que vai levá-las a felicidade.
Sócrates queria que as pessoas se desenvolvessem na virtude. A virtude é um agir ótimo, é procurar fazer o bem, que é o correto, o ideal. As coisas são virtuosas a medida que elas fazem bem as coisas para as quais elas foram feitas.
A virtude da alma é a sabedoria, que é o que a aproxima de Deus. A sabedoria tem haver com humildade intelectual e não com a quantidade de saber. Sócrates se achava mais sábio porque pelo menos sabia que nada sabia. O importante para a sabedoria é o que você faz, não é o que você sabe. A sabedoria modifica o ser e purifica a alma de forma que seus objetivos fiquem mais fácil de serem atingidos.
Ou seja, o que há de comum entre todas as virtudes é a sabedoria, que, segundo Sócrates, é o poder da alma sobre o corpo, a temperança ou o domínio de si mesmo. Permitindo o domínio do corpo, a temperança permite que a alma realize as atividades que lhe são próprias, chegando a ciência do bem. Para fazer o bem, basta, portando, conhecê-lo. Todos os homens procuram a felicidade, quer dizer, o bem, e o vício não passa de ignorância, pois ninguém pode fazer o mal voluntariamente.
Para Sócrates, a filosofia vem de dentro para fora e sua função é despertar o conhecimento, ou seja, o Auto-conhecimento, pois a verdade está dentro de cada um. Para conhecer a si mesmo é preciso conhecer o outro. A alma do outro é como se fosse o espelho da própria alma. Por meio da comparação com o olho, Platão utiliza o método indireto da auto-observação (método da introspecção.
Local original do texto
Sócrates foi o primeiro dos grandes filósofos gregos. Nasceu em Atenas em 470 a C. e morreu em 399 a.C. Com o desenvolvimento das cidades (polis) gregas, a vida em sociedade passa a ser uma questão importante. Sócrates vive em Atenas, que é uma cidade de grande importância, nesse período de expansão urbana da Grécia, por isso, a sua preocupação central é com a seguinte questão: como devo viver? Para descobrir a maneira como se deve viver Sócrates interroga seus interlocutores. Toda a sua filosofia é exposta em diálogos críticos com seus interlocutores. O conteúdo dos diálogos chegou até nós por meio de seus discípulos, especialmente de Platão, pois Sócrates não deixou nada escrito. Sócrates acredita que para viver bem (de acordo com a virtude) é preciso ser sábio. Mas, como atingir a sabedoria? Para Sócrates a sabedoria é fruto de muita investigação que começa pelo conhecimento de si mesmo. Segundo ele, deve-se seguir a inscrição do templo de Apolo: conhece-te a ti mesmo. Para Sócrates, este é o início de toda sabedoria.À medida que o homem se conhece bem, ele chega à conclusão de que não sabe quase nada. Para ser Sábio, é preciso confessar, com humildade, a própria ignorância. Só sei que não sei, repetia sempre Sócrates. Por meio da ironia, levando o interlocutor a cair em contradição, Sócrates o conduzia a confessar a própria ignorância. Uma vez confessada a ignorância, o interlocutor estaria disposto a percorrer o caminho da verdade. Entra em cena a segunda etapa do método: a maiêutica (arte de dar à luz as idéias, ou "parto das Idéias"). Para Sócrates, uma mente submetida a um interrogatório adequado seria capaz de explicitar conhecimentos que já estavam latentes na alma. Afinal, tanto para Sócrates quanto para Platão, a alma, antes de se unir ao corpo, contemplara as idéias na sua essência, no mundo das Idéias. Bastava, portanto, fazer um esforço para recordar. O conhecimento já está na alma: Conhecer é recordar. O objetivo mais importante do diálogo é encontrar o conceito. Ele pergunta, por exemplo, o que é justiça? O que é o belo? O que é a bondade? E, aos poucos, eliminando definições imperfeitas, ele vai chegando a um conceito mais puro, mais correto. A maior arte de Sócrates era o questionamento e a investigação, feita com o auxílio de seus interlocutores. Aquele que investiga, questiona. Aquele que questiona, perturba a ordem estabelecida. Isso faz surgir muitos inimigos de Sócrates. Sócrates é acusado de corromper a juventude e de desprezar os deuses da cidade. Com base nessas acusações ele é condenado a beber cicuta (veneno extraído de uma planta do mesmo nome). Segundo testemunho de Platão em Apologia de Sócrates, ele ficou imperturbável durante o julgamento e, no final, ao se despedir de seus discípulos, ele diz:
"Já é hora de irmos; eu para a morte, vós para viverdes. Quanto a quem vai para um lugar melhor, só deus sabe".
Sócrates foi condenado à morte no ano 399 a. C. Em nenhum momento Sócrates negou suas acusações. Permaneceu firme até a morte no seu pensamento de que "nunca se deve cometer uma injustiça, mesmo em retribuição do mal sofrido".
Aconselhado a negar suas idéias ou subordinar os juízes Sócrates argumenta que “não interessa viver, mas viver bem”.
Questionamentos socráticos:
- Os cidadãos condenados injustamente podem fugir a sansão da lei?
- Tem ele (o cidadão) o direito de ser injusto, por sua vez?
- Pode ele, com a sua fuga, dar um exemplo de desordem?
- Tem ele o direito de pagar o bem que recebeu da cidade com a fuga às suas leis?
A última recomendação ética de Sócrates: Pagar a dívida ao Deus da Medicina, Asclépio. Antes de tomar a cicuta, Sócrates olha para seu amigo Criton e avisa-o:
"Criton, devemos o sacrifício de um galo ao Deus Asclépio. Não te esqueças de pagar a dívida".
Os principais lemas de Sócrates: "Sei que não sei" e "Conhece-te a ti mesmo”.
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Verdade E Utilidade
Sócrates
O conhecer-te a ti mesmo, que era, na inscrição de Delfos (onde Sócrates foi proclamado o mais sábio), uma advertência ao homem para que reconhecesse os limites da natureza humana, tem dois significados : Ter a consciência da condição humana, não tentar ser mais do que é para os homens serem, não tentar ser Deus, não ser arrogante, devendo os limites do homem serem respeitados para que se viva bem, ou seja, a consciência da seriedade e gravidade dos problemas, que impede toda presunção de fácil saber e se afirma como consciência inicial da própria ignorância; E, o conhecimento interior, para o grego, é conhecer o que permanece oculto, isto é, as coisas divinas eternas, o que as pessoas nem sabem que podem ser. Ou seja, é necessário conhecer o mundo para conhecer a si mesmo.
O conhecimento da própria ignorância não é a conclusão final do filosofar, mas o seu momento inicial e preparatório.
É preciso um caminho indireto, como a ironia (método de ensino de Sócrates), porque o caminho para o conhecimento interior é individual a cada um.
A Ironia possui duplo aspecto : a refutação e a maiêutica. Através da refutação, Sócrates faz uma cadeia de raciocínio para provar que a base do que o outro está pensando está errada. Levava ao ridículo homens considerados sábios.
O emprego da refutação para libertação do espírito é de origem eleática. Sócrates tira-a de Zenão, que é o criador. Procurava na filosofia o melhor caminho da libertação das almas do erro, do pecado e da condenação ao ciclo de nascimento.
A refutação faz parte da maiêutica, que é a arte de Sócrates projetar idéias, fazer nascer a verdade. Através da maiêutica, Sócrates fingia ser capaz unicamente de interrogar, mas não de ensinar alguma coisa, mas levava o interlocutor, mediante uma série de perguntas habilmente formuladas, a tomar consciência da própria ignorância e a confessá-la.
Diálogo de Sócrates com um discípulo
Discípulo - Sabe o que eu acabo de escutar sobre um dos nossos colegas?
Sócrates - Espere um momento. Antes de me contar, gostaria de fazer um pequeno teste com você, que chamo de teste de tripla filtragem. Vamos filtrar o que vais me contar.
O primeiro filtro é o da verdade. Você tem certeza absoluta de que o que você vai me contar é verdade? "Não", disse o discípulo. "Certamente, só escutei outras pessoas falarem sobre isso e... "Muito bem", disse Sócrates. "Então você realmente não sabe se é verdade ou não. Vamos testar o segundo filtro. O que você está prestes a me contar sobre meu estudante é alguma coisa boa? "Não, ao contrário...? "Então", continuou Sócrates, "você quer me contar alguma coisa ruim sobre seu colega, mesmo não tendo certeza que seja verdadeiro... "O discípulo gaguejou, mostrando-se bastante embaraçado.
Sócrates continuou. "Você deve finalizar o teste porque ainda existe o terceiro filtro - o filtro da utilidade. O que você quer me contar sobre ele tem alguma utilidade para mim?
"Não, certamente não.
"Bem," concluiu Sócrates: "se o que você quer me contar não é verdade, não é bom, nem me serve para nada, porque você quer me contar?"
Sócrates, filósofo grego, viveu de 469 a 399 a.C.
Local original do diálogo
Platão
Platão nasceu em Atenas no ano 427 a. C. e morreu em 347 a.C. Foi discípulo de Sócrates e mestre de Aristóteles. Era filho de uma nobre família ateniense e seu nome verdadeiro era Arístocles. Seu apelido de Platão foi devido à sua constituição física e significa “ombros largos”.
Após a morte do seu mestre Sócrates, Platão fez muitas viagens, ampliando sua cultura e suas reflexões. Por volta de 387 a.C., Platão fundou sua própria escola de filosofia, nos jardins construídos pelo seu amigo Academus, o que deu à escola o nome de Academia.
É uma das primeiras instituições de ensino superior do mundo Ocidental. Segundo Platão, os sentidos só podem nos fornecer o conhecimento das sombras da verdadeira realidade, e através deles só conseguimos ter opiniões, um conhecimento imperfeito das coisas. O conhecimento verdadeiro se consegue através da dialética, que é a arte de colocar à prova todo conhecimento adquirido, purificando-o de toda imperfeição para atingir a verdade. Cada opinião emitida é questionada até que se chegue à verdade.
Para Platão, o verdadeiro conhecimento está no mundo das Idéias. Um de seus textos mais interessantes é a Alegoria da Caverna. Nesse texto Platão faz uma tentativa de explicar a condição do filósofo, ou seja, o papel daquele que busca levar os seus companheiros ao conhecimento da verdade. Platão descreve que; há homens presos, desde meninos, por correntes nos pés e no pescoço, com o rosto voltado para o fundo da Caverna. Próximo à entrada da caverna desfila-se com muitos objetos diferentes, cujas sombras são projetadas pela luz do Sol na parede do fundo. Os prisioneiros contemplam as sombras, pensando tratar-se da realidade, pois é a única que conhecem. Um dos prisioneiros consegue escapar, e, voltando-se para a entrada da caverna, num primeiro momento tem sua vista ofuscada pela luz intensa, mas aos poucos ele se acostuma e começa a descobrir que a realidade é bem diferente daquela que ele conheceu a vida toda, por meio das sombras. Esse homem se compadece dos companheiros da prisão e volta para lhes anunciar aquilo que contemplara. Ele é chamado de louco e é morto pelos companheiros.
Essa alegoria pode ser interpretada assim:
Prisioneiros: todos nós
Caverna: nosso mundo sensível
Sombras: conhecimento conquistado pelos sentidos
O mundo iluminado pelo sol: mundo das idéias puras e perfeitas.
O homem que descobre a verdade: Platão parece estar se referindo a Sócrates que foi condenado à morte por ter se preocupado em conhecer e ensinar a verdade.
Platão escreveu quase toda sua obra na forma de diálogos. A República é uma de suas principais obras. Divide-se em 10 livros. É um dos mais importantes tratados de Ciência Política, Teoria do Estado e Educação onde idealizou um Estado dividido em três classes principais.
Principais lemas de Platão: "Só quem sabe Geometria pode entrar na Academia"
Pensamento político: "Cada um deve atender as necessidades da cidade naquilo pelo qual a sua natureza esteja mais dotada".
Phaedo (Platão)
The Greek Philosopher, Socrates, was sentenced to death by the court having been unjustly accused of corrupting the youth and of not worshipping some of the Greek polis Goddesses (polis-state, society in which one lives). By the Greek method of execution, those condemned to death drank hemlock, a poison that paralyses the whole body until asphyxiation occurs. The sentence was carried out after sunset. During the last day of his life, waiting for the sun to fall below the horizon, Socrates puts forth his last words to the friends and disciples who have come to see him this dramatic afternoon in prison.
This dialogue yields the beliefs of the philosopher in the immortality of the soul. Phaedo is one of the four dialogues of Plato that relate to the condemnation of Socrates (the other three are: Crito, Euthyphro and the Apology of Socrates). Phaedo is the most interesting and the most important of them all because it exposes the beliefs of the philosopher; it is an apologia of his own philosophy and tells the last words of Socrates said in his last day in the gaol, before drinking the hemlock. Socrates, in this dialogue, presents his theory of metempsychosis, the belief in the reincarnation of the soul. While alive, the soul must fight against the pleasures and vices of the body in which it is condemned to live and from which it wishes to free itself. This release is obtained through the search for knowledge and through dialectical effort towards good and justice. A philosopher takes care of his soul because it frees him of earthly goods; he lives for wisdom and practises good. The belief in immortality of the soul is demonstrated in the work by four arguments: the Argument from Incompatibility of Opposites, the Argument from Recollection (to know is no more than to remember), the Argument from Simplicity and the Argument from Generation of Opposites.
Aristóteles
Aristóteles nasceu em 384 a.C. em Estagira (Macedônia) e morreu no ano 322 a.C. em Cálcis (Eubéia). Aristóteles foi discípulo de Platão, mas seguiu o próprio caminho, com uma filosofia bem diferente do mestre. Quanto ao método de exposição da filosofia, enquanto Platão utilizara os diálogos, Aristóteles foi um sistematizador. Embora ele também tenha escrito diálogos, o que chegou até nós foi apenas uma parte das suas obras produzidas em forma descritiva e ordenada. Aristóteles sistematizou todo o conhecimento filosófico e científico produzido até sua época. Sua vida: Aristóteles foi preceptor de Alexandre Magno, na corte de Pela, e isso facilitou suas pesquisas pois, quando Alexandre expandiu o império Macedônico, o filósofo teve mais acesso às informações sobre formas de governo e sobre o mundo natural (do qual Aristóteles fez uma das primeiras classificações conhecidas). Quando Alexandre sobe ao trono na Macedônia, Aristóteles deixa a corte de Pela e volta para Atenas, onde funda sua própria escola de filosofia, próxima ao templo de Apolo Liceano (por isso passa a se chamar Liceu), seguindo uma orientação que rivaliza com a Academia de Platão que, nesse tempo, é dirigida por Xenócrates. A Academia era mais voltada para as Matemáticas e Filosofia, enquanto o Liceu se dedicava principalmente às Ciências Naturais. Sua principal Obra: Metafísica/Órganon: A obra de Aristóteles – corpus aristotelicum foi organizada por Andrônico de Rodes, que dirigiu o Liceu no século I a.C. Na sua Metafísica, Aristóteles ensina sobre o Ente, que é tudo aquilo que é, que tem Ser. É a noção mais abrangente de todas. Aristóteles cria a teoria das quatro causas do ser: material, formal, eficiente e final. Para Aristóteles, a permanência e o movimento necessitam dessa teoria para que possam ser explicados: a teoria das causas do Ser.
Há causas que são: a) Intrínsecas (estáticas – explicam o ser) 1. Material: responde à pergunta do que é feita alguma coisa. 2. Formal: responde à pergunta como uma coisa é feita? É o ato ou perfeição pelo qual uma coisa é o que é. Pode-se chamar também de essência. b) Extrínsecas (dinâmicas – explicam o vir a ser ou devir) 1. Eficiente: responde à pergunta quem fez? Trata-se do agente ou princípio do qual resulta a coisa. 2. Final: responde à pergunta para que é feita? Trata-se do objetivo que move o agente a atuar sobre tal coisa. Por exemplo: uma mesa feita de madeira (causa material), com um lugar para colocar os livros (causa formal), feita pelo marceneiro (causa eficiente) para servir ao estudo dos alunos (causa final). Inteligência Divina na filosofia de Aristóteles: atração do ser. Para Aristóteles, há uma substância supra-sensível que é a Inteligência Divina (1º motor imóvel – ato puro) que pensa a si mesma e atua como Causa Final (por atração) e não como causa eficiente (pois, segundo ele, o Universo sempre teria existido). Lema de Aristóteles: "O homem que não precisa da sociedade, ou é um Deus ou uma besta".
A concepção aristotélica de Física parte do movimento, elucidando-o nas análises dos conceitos de crescimento, alteração e mudança. A teoria do ato e potência, com implicações metafísicas, é o fundamento do sistema. Ato e potência relacionam-se com o movimento enquanto que a matéria e forma com a ausência de movimento.
Para Aristóteles, os objetos caíam para se localizarem corretamente de acordo com a natureza: o éter, acima de tudo; logo abaixo, o fogo; depois a água e, por último, a terra.
Aristóteles (384 – 322 a.C.), cuja influência ao longo da história ocidental seria notável. Para Aristóteles, a Terra estaria imóvel, era esférica e se localizava no centro do universo; os movimentos celestiais dependiam de 55 esferas móveis.
O fato de a Terra ser esférica foi deduzido por ele em fatos como o desaparecimento dos navios no horizonte ou a alteração das estrelas quando alguém se movia para o norte ou para o sul. Embora não conhecesse a experimentação sistemática, Aristóteles fez várias experiências e observações que aperfeiçoaram enormemente o conhecimento disponível na Antigüidade.
Sua visão de mundo foi assimilada em grande parte pelo Ocidente até o século XVII.
Para Aristóteles, utilizando uma idéia concebida no século V a.C., por Empédocles, os corpos eram formados por quatro elementos básicos: ar, terra, fogo e água. Esses elementos tinham propriedades como a idéia de a Terra ser absolutamente pesada e o fogo absolutamente leve; ar e água ocupavam posições intermediárias.
O lugar natural do elemento terra era o centro da Terra, por sua vez o centro geométrico do universo. Dessa forma, o movimento natural das substâncias terrestres era cair diretamente para o centro da Terra, dado o seu peso, assim como o movimento natural do fogo era subir para seu lugar natural no céu.
O lugar natural da água era acima da terra; o do ar, acima da água, mas abaixo do fogo. A posição natural dos corpos pesados era o centro do universo, que se localizava no centro da Terra.
Evidentemente, Aristóteles não tinha conhecimento da noção de gravidade quando expunha essas idéias, mas amarrava de forma bastante lógica observações disponíveis.
Para Aristóteles, a Terra é um mundo imperfeito, corruptível e sujeito a contínuas e profundas modificações. E mais, tudo tem um propósito intrínseco, ou seja, um menino cresce por que esse é seu propósito, da mesma forma que uma pedra cai porque a Terra é seu lugar natural, é lá que deve permanecer, fixa no centro do Universo. O céu, por outro lado, é o lugar da perfeição, diante da harmonia que Aristóteles podia perceber. A diferenciação entre Céu e Terra também exigia que esses dois mundos fossem feitos de materiais diferentes. A Terra era composta pelos quatro elementos de Empédocles, mas o Céu, perfeito, era composto pelo quinto elemento, puro, inalterável, transparente e sem peso, chamado éter.
Com isso Aristóteles conseguia explicar por que na terra as coisas cresciam e morriam e no céu os astros eram sempre os mesmos. Outra característica do Universo descrito por Aristóteles era a finitude e esfericidade, com a terra colocada imóvel no centro. O vácuo (ausência de matéria) não poderia existir.
FILÓSOFO E CIENTISTA
Querida Sofia! Certamente você ficou impressionada com a teoria das idéias, de Platão. E você não é a primeira. Não sei se você aceitou tudo sem maiores problemas, ou se tem algum comentário critico a fazer. Mas se você fez criticas á teoria de Platão, saiba que estas mesmas críticas já foram feitas por Aristóteles (384-322 aC.). Durante vinte anos ele foi aluno da Academia de Platão.
Aristóteles não nasceu em Atenas. Ele era natural da Macedônia e veio para a Academia quando Platão tinha sessenta e um anos. Seu pai era um médico de renome; um cientista da natureza, portanto. Este pano de fundo já diz alguma coisa sobre o projeto filosófico de Aristóteles. Seu maior interesse estava justamente na natureza viva. Ele não foi apenas o ultimo grande filósofo grego foi também o primeiro grande biólogo da Europa.
Exagerando um pouco, podemos dizer que Platão estava mergulhado nas formas eternas, no mundo das "ideias", que não registrou as mudanças da natureza. Aristóteles, ao contrário, interessava-se justamente pelas mudanças, por aquilo que hoje chamamos de processos naturais.
Exagerando mais ainda, podemos dizer que Platão se apartou do mundo dos sentidos e que só percebia muito superficialmente tudo aquilo que vemos ao nosso redor. (É que ele queria escapar da caverna para espiar o eterno mundo das idéias!) Aristóteles fez exatamente o contrário: ele saiu ao encontro da natureza e estudou peixes e rãs, anêmonas e papoulas.
Você bem poderia dizer que enquanto Platão usou apenas razão, Aristóteles - ao contrario - usou também seus sentidos.
Mas há nítidas diferenças entre eles, até mesmo na forma de escrever. Enquanto Platão era poeta e criador de mitos, os escritos de Aristóteles são sóbrios e pormenorizados como os verbete uma enciclopédia. Em compensação, muito do que ele escreveu estava baseado em estudos naturais realizados com extrema diligencia.
Registros da Antiguidade dão conta de não menos que cento e setenta títulos assinados por Aristóteles. Destes, quarenta e sete chegaram ate nossos dias. Não se tratava de livros completos. A maior parte dos escritos de Aristóteles compõe-se de apontamentos feitos para suas aulas. Também na época de Aristóteles, a filosofia era essencialmente uma atividade oral.
A importância de Aristóteles para a cultura européia esta também no fato de ele ter criado uma linguagem técnica usada ainda hoje pelas mais diversas ciências. Ele foi o grande sistematizador, o homem que fundou e ordenou as várias ciências.
Como Aristóteles escreveu sobre todas as ciências, vou me limitar a tratar aqui sobre algumas das áreas mais importantes.
E como me detive tanto em Platão, quero falar a você primeiramente sobre os argumentos de Aristóteles contra a teoria das idéias de Platão. Na seqüência, veremos como ele formulou sua própria filosofia natural. Afinal, Aristóteles resumiu o que os filósofos naturais haviam dito antes dele.
Veremos também como ele tenta colocar ordem em nossos conceitos e funda a lógica como ciência. Por fim, vou falar um pouco sobre a visão que Aristóteles tinha do homem e da sociedade.
Se você aceita este roteiro, então só nos resta arregaçar as mangas e começar
in O Mundo de Sofia Autor: Jostein Gaarder Tradução de João Azenha Jr. ISBN 85-7164-475-6 Cia. Das Letras - 25ª reimpressão - páginas 121 e 122
Livro: O Mundo de Sofia (Romance da história da filosofia) Cia. Das Letras - 25ª reimpressão Autor: Jostein Gaarder Tradução: João Azenha Jr. Capítulo: Décimo Primeiro
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